12 de mai. de 2017

História do Fiat 147


Primeiro carro produzido pela FIAT do Brasil que inaugurava sua fábrica em Betim (MG) em 1976, com excelente aproveitamento de espaço interno, a imbatível economia (importantíssima em tempos de crise do petróleo) e até então inédita estabilidade, fez dele um carro que definitivamente entrou para história e mudou para sempre o jeito de se fazer automóvel no Brasil.
O carro foi mostrado oficialmente pela primeira vez no X Salão do Automóvel, realizado no dia 18 de Novembro de 1976. Foram expostas 15 unidades do FIAT 147 pintadas em cores diferentes e inclusive protótipos de 147 movidos à Álcool (hoje Etanol). Assim que chegou ao mercado nacional, o FIAT 147 ganhou o título de mais estável carro nacional, colocando no bolso de uma única vez o VW Passat, o Chevrolet Chevette e o Dodge 1.800/Polara. Como se não bastasse, era também o carro de passeio no Brasil com o menor motor e, sabendo disso, a FIAT logo conquistou diversos compradores com suas propagandas inusitadas e ousadas.
Em seus dez anos de produção, o FIAT 147 passou por duas reestilizações sem grandes mudanças na carroceria e ganhou o título de Carro do Ano de 1978 pela Revista Autoesporte. Na primeira reestilização ganhou uma frente mais baixa com faróis e grade inclinados, no estilo que a marca chamou "Europa" em 1980 e, mais tarde em 1983, a segunda que foi chamada de "frente Spazio", incorporando para-choques de plástico envolventes no estilo alusivo a modelos contemporâneos da marca como o Fiat Ritmo e o lançamento do ano seguinte Fiat Uno. O Spazio foi oferecido nas versões CL, CLS e o esportivo TR substituindo o "147 Rallye" que tinha câmbio opcional de 5 marchas.

O motor
O motor do FIAT 147 certamente é uma das peças mais importantes e relevantes até hoje no que se refere à indústria automobilística brasileira. Projetado por ninguém menos que Aurelio Lampredi, o FIASA - como era chamado - durou muito mais do que o próprio 147 e foi responsável por boa parte do sucesso do "carrão pequeno" em nossas terras e também por parte da má-fama que resiste até hoje.
Desenhado especialmente para o mercado brasileiro já que o de 800cm³ do 127 era fraco demais para cá, o FIASA dispunha à época de seu lançamento de 1.050 cilindradas, 7,2:1 de taxa de compressão (devido à péssima qualidade da gasolina à época) e 55 CV SAE que levavam o FIAT 147 à 135km/h de velocidade máxima e, mais importante ainda para a época, médias louváveis de consumo até para os dias de hoje.
A injusta má fama
A mecânica sofisticada do 147 à época demandava conhecimentos técnicos e ferramentas até então pouco conhecidas pelos mecânicos. Muitos 147 tiveram sua correia dentada partida antes dos 40.000km estabelecidos pela fábrica devido à necessidade - que era única do FIAT 147 - em girar-se o motor no sentido anti-horário após a instalação da correia nova, com o intuito de distribuir corretamente a tensão na mesma. Num mercado tomado de mecânicos pouco experientes, mal-treinados e inobservantes à detalhes, o caminho seguiu para que toda culpa fosse jogada no automóvel. Além disso, seu câmbio também fora jsutamente criticado por apresentar maior dificuldade para o engate das marchas em suas primeiras versões, característica que apesar de amenizada com o passar dos anos jamais fora abandonada.
O chassi 000001
Diferentemente da absoluta maioria dos carros nacionais, o FIAT 147 teve a sorte de ter sua primeira unidade doada em 1976 para a recém criada Associação Nacional de Concessionários.
A Associação em um sorteio à época premiou a Concessionária Milocar com o carro. Desde então, o veículo encontra-se exposto no hall da Concessionária localizada no Rio de Janeiro - RJ e é o "santo graal" para os apaixonados por 147 e por FIAT em geral. Conta-se que a FIAT tentou reaver a unidade na década de 90 oferecendo até mesmo uma carreta cheia de Elbas à concessionária, que para felicidade dos apaixonados e entusiastas não aceitou.
Em Maio de 2016, o 147 FIAT Clube - RJ realizou seu evento de aniversário no pátio da Milocar e conseguiu, junto à administração da concessionária, que o 000001 fosse retirado de dentro da loja e exposto fora da loja, contando até mesmo com uma breve volta nas ruas ao redor da loja.
Pioneirismo
O 147 marcou seu pioneirismo em várias formas:
  • Primeiro carro da Fiat produzido no Brasil, marcando o início das operações em 9 de julho de 1976, em Betim - Minas Gerais;
  • Primeiro carro brasileiro com motor transversal dianteiro;
  • Primeiro carro no Brasil com coluna de direção articulada;
  • Primeiro carro a álcool fabricado em série em todo o mundo (a partir de 1979);
  • O menor carro a diesel da época, sendo vendido na Europa e Argentina;
  • Primeiro carro brasileiro com todas as "variantes": hatch, sedan, perua, furgão e pick-up, faltando apenas as variantes conversível e utilitária esportivo;
  • Primeiro carro brasileiro com o estepe junto ao compartimento do motor, ou seja embaixo do capô dianteiro;
  • Primeiro carro no Brasil a utilizar para-choques de plástico polipropileno em larga escala (no modelo Europa em 1980);
  • Primeiro carro brasileiro com desembaçador traseiro.

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